Um apagão ocorre quando a energia elétrica é interrompida para muitas pessoas em uma mesma região. Este tipo de evento ocorre ocasionalmente e é possível encontrar diversos exemplos na história, como no Brasil de 1965 quando faltou luz durante 9 horas no Rio de Janeiro, além de acidentes recentes, como o ocorrido em agosto deste ano.
Apesar do país ser conhecido por suas intempéries climáticas, também se sabe que os problemas estruturais têm um papel importante nesse processo: as falhas na rede de distribuição e operação da energia elétrica são consideradas uma das principais causas. Preparamos esse texto te ajudar a entender como funciona a distribuição de energia no Brasil e as possíveis causas e consequência de apagões.
Apagão em agosto de 2023
No dia 15 de agosto de 2023, todos os estados brasileiros, com exceção de Roraima, foram afetados por um apagão. O motivo segundo o Operador Nacional do Sistema (ONS) e o Ministério de Minas e Energia (MME) foi uma falha no Sistema Interligado Nacional (SIN).
Na prática, o que aconteceu foi que as regiões Norte e Nordeste se desconectaram das regiões Sul e Sudeste. Com isso, o ONS decidiu realizar uma paralisação proposital do sistema para evitar que o problema na rede de distribuição se espalhasse.
Com isso, houve impactos em diversas atividades no Brasil inteiro. Foram registrados, por exemplo, problemas em linhas de metrô; interrupção no fornecimento de água de algumas cidades; semáforos apagados; escolas dispensando alunos mais cedo, e hospitais suspendendo consultas.
Apagões não são novidade no Brasil e acontecem desde a década de 70. O último grande evento como esse aconteceu em 2001 e durou cerca de duas horas. Ainda assim, foi considerado um dos piores do país porque atingiu quase todo o território nacional e afetou mais de 100 milhões de pessoas em São Paulo e Rio de Janeiro.
Em seguida houve outros pequenos incidentes que mostraram que os problemas persistiam: em 2015, um novo apagão que durou seis horas na região metropolitana do Rio de Janeiro; em 2022, outro incidente afetou sete estados brasileiros por cerca de 15 minutos, e apenas em 2023 já foram registrados três casos semelhantes nos meses de janeiro e fevereiro.
Sistema Interligado Nacional (SIN)
Para entender como ocorrem apagões como o citado acima, é necessário compreender o Sistema Interligado Nacional (SIN). Abaixo, falaremos mais sobre ele:
O que é o SIN?
O Sistema Interligado Nacional (SIN) é uma rede de sistemas elétricos interconectados no Brasil que fornece energia elétrica para cidades e indústrias em todo o país. É importante observar que esse sistema não abrange todas as necessidades de eletricidade do Brasil; ainda existem áreas menores sem acesso a ele, bem como comunidades remotas que dependem de geradores a diesel para suprir demandas elétricas.
Como ele funciona?
O SIN é composto por dois subsistemas separados: um para geração e transmissão e outro para distribuição e consumo. Isso significa que, mesmo que um estabelecimento – residencial ou comercial – esteja conectado a uma rede elétrica, ainda pode haver partes da região onde as pessoas não estão recebendo energia. Isso acontece porque essas unidades não fazem parte de nenhum subsistema.
Qual o papel do SIN?
O SIN é o principal sistema que conecta todos os geradores de energia no Brasil. Trata-se da interconexão dos sistemas de energia elétrica do Brasil, Paraguai e Uruguai. O Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) financiou este projeto por meio de seu Fundo de Investimento Multilateral (FIM), que tem como objetivo melhorar o acesso a serviços modernos de energia na América Latina e no Caribe, por meio do desenvolvimento de projetos de infraestrutura, como usinas geradoras, linhas de transmissão e subestações.
Problemas que podem gerar um apagão
Existem quatro etapas principais em que problemas podem ocorrer no sistema de energia elétrica do Brasil: transmissão e distribuição, geração, operação do sistema e regulação. Abaixo, explicamos o papel de cada uma e como podem ser afetadas:
- Transmissão e distribuição
Quando as linhas de transmissão e distribuição são afetadas, podem ocorrer problemas relacionados à movimentação da eletricidade das usinas para residências e empresas. Por exemplo, se houver uma falha em uma linha elétrica que cause um curto-circuito (quando elétrons fluem de um condutor em uma placa de circuito para outro), o processo de entrega é interrompido até que os reparos sejam realizados pela distribuidora local.
- Geração
Outro problema pode estar relacionado à quantidade de energia gerada em determinado momento, o que pode resultar em excesso ou insuficiência de oferta. Isso vai depender se a demanda excede as expectativas ou fica abaixo delas, respectivamente.
- Operação do sistema
A operação do sistema refere-se ao gerenciamento e controle de todo o sistema de energia elétrica. Isso inclui a coordenação das diferentes fontes de energia e a garantia de que a demanda seja atendida de forma adequada. Problemas nessa etapa podem ocorrer, por exemplo, se houver falhas nos dispositivos de controle e monitoramento ou se houver erros na programação das operações.
- Regulação
O setor de energia elétrica no Brasil é regulado por agências governamentais, como a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL). A regulação garante que as empresas cumpram requisitos de qualidade, segurança e eficiência no fornecimento de energia elétrica. Problemas na regulação podem ocorrer se houver falta de fiscalização, má gestão de contratos ou falta de incentivos para melhorias no sistema.
É importante ressaltar que o SIN é um sistema complexo e interligado, e qualquer problema em uma das etapas pode afetar todo o sistema e causar interrupções no fornecimento de energia elétrica. Portanto, é necessário um gerenciamento eficiente e investimentos contínuos para garantir a confiabilidade e a segurança do sistema elétrico em todo o país.
Como prevenir um apagão
Prevenir um apagão no Brasil é um desafio complexo, mas existem medidas que podem ser tomadas para diminuir o risco de interrupções no fornecimento de energia elétrica. São elas:
- Investimento em infraestrutura: É essencial investir em melhorias contínuas no sistema elétrico, incluindo a construção de novas usinas geradoras, expansão da rede de transmissão e modernização das subestações. Isso ajudará a garantir que a capacidade de geração e distribuição de energia seja suficiente para atender à demanda crescente.
- Diversificação da matriz elétrica: A dependência excessiva de uma única fonte de energia pode ser arriscada. Diversificar a matriz elétrica, incluindo a incorporação de fontes renováveis, como energia eólica e solar, pode reduzir a vulnerabilidade do sistema e aumentar a resiliência em face de eventos adversos.
- Manutenção regular e atualização de equipamentos: É fundamental realizar inspeções regulares, manutenção preventiva e atualização dos equipamentos do sistema elétrico. Isso inclui a substituição de equipamentos antigos por versões mais modernas e eficientes, garantindo assim a confiabilidade e a eficiência do sistema.
- Investimento em inovação: O avanço da tecnologia oferece oportunidades para monitorar e controlar o sistema elétrico de maneira mais eficiente. A implementação de tecnologias avançadas, como a automação da rede, sensores inteligentes e sistemas de gestão de energia, pode ajudar na detecção precoce de problemas e rápida resolução, minimizando o risco de apagões.
- Fortalecimento da governança e regulação: Uma boa governança e regulação são fundamentais para garantir a eficiência e a segurança do sistema elétrico. Isso envolve o estabelecimento de regulamentos claros, penalidades para o não cumprimento das normas, monitoramento constante das empresas de energia e tomada de medidas corretivas quando necessário. É importante que a regulação seja transparente, imparcial e promova a concorrência saudável no setor.
- Planejamento estratégico de longo prazo: Um planejamento estratégico de longo prazo é essencial para garantir a estabilidade do sistema elétrico. Isso inclui a previsão da demanda futura, o desenvolvimento de planos de contingência para lidar com situações de crise e a promoção de incentivos para o desenvolvimento sustentável do setor.
A prevenção de apagões requer esforços coordenados, principalmente, entre o governo, empresas de energia e instituições reguladoras. É um processo contínuo que exige investimentos, monitoramento e adaptação às mudanças no cenário energético.
Com medidas adequadas e uma abordagem proativa, é possível reduzir significativamente o risco de apagões e garantir um fornecimento confiável de energia elétrica em todo o Brasil.
Ainda que não seja possível uma única empresa evitar um apagão em suas instalações próprias, existem empresas, como o Grupo Delta Energia, que oferecem soluções em gestão de energia para facilitar a tomada de decisões estratégicas para o negócio em relação ao assunto.
O serviço de gestão de energia da Delta pode ajudar empresas a obterem uma melhor visibilidade e entendimento do sistema elétrico. Através dele, as companhias podem ter acesso a dados e análises, identificar padrões de consumo e demanda.
Além disso, são disponibilizados relatórios detalhados e orientações personalizadas para que os clientes possam implementar medidas de eficiência energética de forma efetiva e alcançar uma operação mais sustentável.
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